terça-feira, 4 de maio de 2010

O calor de um saber

Naquele dia o frio era de incomodar. Muitas pessoas mal conseguiam sair de casa para comprar pão na padaria, a maioria preferia ficar no conforto quentinho de suas casas. No trajeto para a padaria todos notava João, um jovem deitado na calçada que tentava esquecer o incomodo do frio, enrolado em meio a papelões e jornais, naquele momento muitos não pensavam que “casa, pão e uma boa companhia” era algo fora da realidade do dia-dia de João; a presença dele incomodava aos que usavam a calçada. Aquela calçada e de preferência a marquise daquele cômodo abandonado, era no momento a casa daquele individuo. Encolhido no chão cantava cantigas de ninar as quais se lembrava de ouvir sua mãe cantar para ele e seus irmãos antes de falecer, na esperança de se confortar em lembranças antigas, ele continuava usando as canções como fonte de alimento para seu vazio.

Em uma dessas manhãs João teve a surpresa receber doações de afeto e carinho, de uma senhora que morava em uma casinha simples, próximo ao local que ele usará como moradia. Essa senhora, muito simples, convidou-o para que tomasse uma xícara quente de café, em sua humilde residência.

- Meu filho o que faz sozinho nesse tempo tão horrível? Diz a velhinha com a voz suave.

- Eu não tenho casa não dona, a rua é meu lar! João responde com um olhar serio e com desconfiança.

- Venha meu filho, vamos entrar para tomar um café bem quentinho. A casa é simples, o café está pouco, mas a velha faz de coração!

João, mesmo achando estranha a rara atitude da senhora, aceitou o convite, afinal, havia dias que ele não escutava alguém lhe dirigir a palavra com tanta doçura e respeito.

O tempo naquela tarde passou rápido para João, ele pode perceber que ainda restava a esperança, existiam pessoas humanas, pessoas que vencem as barreiras do preconceito, e que respeitam seu próximo, ajudando sempre que possível. Nessa conversa, o jovem se sentido acolhido, contou sua história de vida para a aquela generosa velhinha. Motivada com a confiança que o jovem passará a ela, Disse a ele:

- Olha meu jovem, eu sou sozinha, meu falecido deixou o pouco que tínhamos para eu viver. Meus filhos estão criados, e casados, todos têm a sua casa e sua família, difícil lembrar que ainda existe aqui a mãe que os ama. Infelizmente não poderei lhe acolher dentro de minha casa, mas quero que saiba que não deixarei você passar fome nem sede.

João comovido com a atitude da senhora, respondeu:

- Não tenho condições de recusar nada não minha senhora, só à conversa que a senhora me ofereceu, me deixa grato. Alimentei-me de bondade!

Virou as costas, em silêncio enquanto a velhinha o observava com os olhos tristes, pensando em no que seria daquele jovem rapaz depois que saísse de sua casinha. João saiu pela porta da sala com passos lentos, e voltou para seu canto de refugio. A senhora em sua casa, logo mais tardar a noite, sentada em sua cama tomando seu leite quente sagrado de todas as noites, orou para que o senhor cuidasse bem daquele jovem, o qual ela via muita vida, e torcerá para que conseguisse uma chance a mais na vida.

João, nesse mesmo estante, encontrará em sua calçada; não sentia mais frio, pois aquele dia foi algo que marcou para ele. Dês de que perdeu sua mãe, não via mais esperanças na caminhada da vida, aquela tarde de conversa com uma pessoa estranha, trouxe alegria para o seu coração, com um sorriso no rosto, o rapaz adormeceu, sem nem perceber os ares que passavam ao seu lado, não se preocupara mais com o perigo da noite, nem com o frio que o atormentava com constância durante seus dias e noites. Naquele momento que adormecerá, pareceu ser um momento mágico. O céu fechado se abria, a lua tampada pela brisa clareava o seu rosto, luz que iluminou o seu caminho para uma mais nova caminhada.

Passará a noite. Logo cedinho a senhora dedicada se dirige até o local em que o rapaz adormecia, com o pão quentinho e o café feito com amor em suas mãos, chama o jovem pelo nome, João não responde, a senhora assusta a falta de resposta da parte do rapaz, chama mais uma vez, chama pela segunda vez, e nada de João responder. Descoberto, encolhido, ela o vira, e logo se depara com um sorriso brando em seu rosto, perceberá o corpo que foi tomado pelo frio. Era tarde para se fazer algo, o frio o levou, e junto, João levou a alegria de ser reconhecido e acolhido pelo bom coração de alguém. O sorriso ficará na memória da velhinha, que com pouco tempo lhe restando, continuou a caminhar, conforme o vento a levava.

Stephânia Ferreira.

Ao passar do dia

Hoje quando acordei, logo me veio em pensamento

o que faria com o meu sentimento

depois que de você me ausentaria.


Não me importo com a covardia do destino,

só me importo com o seu amor e carinho.


O dia se passa, e meu sentimento por você não se acaba

Os pensamentos vêm e assim vou caminhando,

pensando,

pensando,

pensando ...


A noite chega e quando fecho os olhos

é com você que vou me encontrar nos mais profundos sonhos.


Stephânia Ferreira